Lição 1

Stablecoins 101 – Fundamentos, Importância e Riscos

Este módulo apresenta uma visão abrangente sobre as stablecoins, esclarecendo seu conceito, funcionamento e os diversos modelos que garantem sua estabilidade de preço. São analisados os projetos lastreados em moedas fiduciárias, criptoativos e modelos algorítmicos, com destaque para seus mecanismos operacionais, vantagens e potenciais fragilidades. A seção ainda examina o papel estratégico das stablecoins nos mercados de ativos digitais, nos pagamentos internacionais e nas aplicações de DeFi.

No universo das criptomoedas, as stablecoins representam uma alternativa líquida e segura, totalmente baseada em blockchain, para investidores e traders. Elas possibilitam que os participantes do mercado fechem rapidamente posições voláteis sem a necessidade de converter todos os ativos para contas bancárias tradicionais. Esse papel como instrumento de liquidação dentro do ecossistema cripto foi crucial para sua rápida adoção e integração em exchanges, protocolos de empréstimo e redes de pagamento.

Mecanismos de Estabilidade

Manter a estabilidade de valor exige mecanismos capazes de resistir a pressões de mercado e ataques especulativos. O modelo mais disseminado é o das stablecoins lastreadas em moeda fiduciária, em que cada token tem garantia de reserva de 1:1 em contas bancárias ou ativos líquidos equivalentes. USD Coin (USDC) e Tether (USDT) são exemplos clássicos. Teoricamente, titulares podem resgatar seus tokens pela moeda de referência a qualquer momento, fator que mantém a cotação próxima à paridade.

Um segundo modelo, as stablecoins referenciadas a ativos, utiliza uma cesta de ativos — incluindo moedas, títulos públicos ou commodities — para garantir o valor. Ao diversificar o colateral, diminui-se a dependência de um único ativo, mas a complexidade na administração das reservas aumenta.

As stablecoins algorítmicas empregam contratos inteligentes para ajustar a oferta conforme as oscilações do mercado. Se o preço ultrapassa a paridade, novos tokens são emitidos; se cai, tokens são destruídos ou retirados de circulação. Esse modelo dispensa reservas físicas e se apoia em incentivos de mercado, o que aumenta a eficiência de capital, mas também amplia o risco de desequilíbrios em momentos de forte volatilidade.

Riscos e Vulnerabilidades

Apesar de sua popularidade, as stablecoins não estão isentas de riscos. Modelos lastreados em reservas dependem totalmente da reputação, transparência e solidez financeira dos emissores. Caso as reservas sejam escassas, de difícil liquidez ou apresentem inconsistências, uma crise de confiança pode disparar uma onda de resgates em massa, ameaçando a paridade. As polêmicas sobre a composição das reservas da Tether são um exemplo de como a falta de informações pode abalar a confiança e atrair maior fiscalização regulatória.

Modelos algorítmicos enfrentam riscos ainda maiores. O desastre da TerraUSD (UST) em 2022 evidenciou a rapidez com que uma paridade algorítmica pode colapsar sob pressão de vendas coordenadas, eliminando bilhões em valor de mercado. Sem garantias reais como suporte, a recuperação praticamente se inviabiliza após a perda de confiança dos usuários.

Também existem riscos sistêmicos que merecem atenção. Quebras em larga escala de stablecoins podem afetar gravemente mercados tradicionais, principalmente quando os emissores detêm grandes volumes de títulos do Tesouro dos EUA. Uma onda de resgates pode obrigá-los a liquidar rapidamente esses ativos, pressionando os rendimentos e a liquidez no sistema financeiro global.

No âmbito regulatório, as stablecoins suscitam debates sobre soberania monetária e estabilidade do sistema financeiro. Bancos centrais manifestam preocupação de que stablecoins atreladas a moedas estrangeiras possam enfraquecer o controle da política monetária, sobretudo em economias menores. Segundo o Banco Central Europeu, embora stablecoins regulamentadas emitidas em euros possam fortalecer o papel internacional do euro, alternativas referenciadas ao dólar tendem a desviar demanda das moedas nacionais.

Escala de Mercado e Tendências Atuais

O setor de stablecoins figura hoje entre os maiores segmentos do universo de ativos digitais. Em meados de 2025, a capitalização de mercado do setor ultrapassou US$ 230 bilhões, com a maior concentração em stablecoins atreladas ao dólar. Emissores como Tether e Circle assumiram papel de destaque como detentores de títulos do Tesouro dos EUA de curto prazo, afetando a liquidez e os rendimentos desses papéis. Pesquisas indicam que compras em larga escala podem impactar diretamente o custo de financiamento soberano, demonstrando que stablecoins já não estão isoladas do sistema financeiro tradicional.

Além disso, as stablecoins estão ampliando suas formas e aplicações. Moedas lastreadas em euro, tokens atrelados a commodities e versões customizadas para diferentes jurisdições vêm surgindo para atender a requisitos regulatórios específicos. Simultaneamente, a integração com processadores de pagamento, plataformas de remessas e projetos de moedas digitais governamentais sinaliza que as stablecoins já se consolidam como uma peça central da infraestrutura global de pagamentos.

Isenção de responsabilidade
* O investimento em criptomoedas envolve grandes riscos. Prossiga com cautela. O curso não se destina a servir de orientação para investimentos.
* O curso foi criado pelo autor que entrou para o Gate Learn. As opiniões compartilhadas pelo autor não representam o Gate Learn.